Indiscreta Descrição.

(fotografia: brincando com fogo)

Onde estivestes na passagem da noite em que tudo adormecia e a terra gemia de vontade e medo?
Nunca, na história do tempo, jamais alguém adentrou fundo o oceano e de lá aspergiu  memórias tão imprecisas.
Corre nas bocas das fadas a declaração de que o Amor jaz, morto, por sobre as ondas, flutuando no cais.
O abafado som da morte entorpece tudo que floresce. Peixes e corais vacilam.
Onde andará com tuas afluências? Teu rio de cobre e sal, onde andará?
O breu devora o deus das coisas vivas. O cheiro acre, putrefato, perturba o porto.
Na vasta linha do horizonte tremulam bêbedas gaivotas, ébrios ventos sibilam caos sem teu nome.
Onde estivestes quando o dia vagueou o horizonte?

(fotografia: brincando com fogo)







 Por detrás da branca neblina da encosta, é possível auscultar. Teu nome geme. Rochedos gritam impróperios numa fúria incontida no ar. Teu nome tirita. Há frio na vaga paisagem em combustão. 







A solidão ondeia. Onde estivestes oh Lua! na medida da noite cheia?

(Giovanna Araújo)


(fotografia: brincando com fogo)
















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