Terras de Sophia.


O mar dos meus olhos

Há mulheres que trazem o mar nos olhos

Não pela cor

Mas pela vastidão da alma

E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos

Ficam para além do tempo

Como se a maré nunca as levasse

Da praia onde foram felizes



Há mulheres que trazem o mar nos olhos

pela grandeza da imensidão da alma

pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...

Há mulheres que são maré em noites de tardes...

e calma


Quando conheci as palavras de Sophia, desconhecia sua origem e paradeiro. Não sabia quem era, de onde era, quantos anos tinha. Suas palavras arrebataram-me. Pela primeira vez, em toda minha vida literária, experimentava a sensação de estar sendo traduzida por uma poeta. Sophia revelava não só a minha alma a mim mesma, como trazia à lume toda minha relação com o mar. Lembro que não contive a emoção e o ímpeto de conhecê-la colou-se à pele minha.
Sophia era portuguesa. Descobri em pesquisas muito pouco tempo depois. A coincidência de encontrar, em terras lusitanas, aquela que detinha a poesia mais bela que já havia visto, me fez ainda mais próxima de Sophia. Portugal sempre fora, desde sempre, um lugar onde eu sentia uma chamamento irresistível. À época não sabia precisar de onde partia esta sensação tão familiar e próxima com nossos vizinhos de além mar.
Desde muito menina, deslizando os pés sob  e sobre as areias marinhas, me punha a imaginar o que havia depois daquele mundaréu de águas salgadas. Não desconfiava que, do outro lado do Atlântico, havia um lugar-colo que me fez casa. Não fazia ideia das outras terras que abrigavam aquela que viria a ser a minha preferida.
Quando as poesias e poemas e histórias de Sophia já eram minhas conhecidas... Maria Bethânia resolveu homenageá-la. Mar de Sophia foi, então, o mais belo presente dedicado de uma fã. Bethânia, assim como eu, reverenciava Sophia, aquela poeta das palavras marinhas que eu julgava também serem minhas.
Sophia. De Mello, de Portugal, de Porto, de Breyner. Sempre tenho a impressão de que nada sei escrever quando me refiro a ela. Desta forma, desisti de colocá-la em palavras e irei reverenciar sua poesia em imagens.
À semelhança da intenção do gesto de Bethânia, minhas próximas postagens serão um modesto presente àquela que sempre me acompanhou.
Por três meses percorri as Terras de Sophia. Por dias e dias andei pelas ruas de sua cidade, perambulei pelas ribeiras do rio Douro e molhei pés e alma no lado do Atlântico que sempre sonhei. E fotografei o que pude ver e sentir.

Terras de Sophia é uma declaração de Amor à Sophia de Mello Breyner Andresen e toda a sua poesia.
Terras de Sophia é a tradução, fotográfica, de um sentimento muito peculiar àqueles que amam... a sensação de haver (finalmente) voltado para casa.

Terras de Sophia. 
Home Again.

Sinta-se convidada (o) a acompanhar.








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